O que os CEOs realmente esperam de um RH de alta performance?
O que os CEOs realmente esperam de um RH de alta performance?
do STF sobre Stock Options transforma incentivos em vantagem competitiva e posiciona o CHRO como peça-chave da estratégia corporativa.

Antes de integrar o time da Comp, eu carregava uma convicção silenciosa, quase uma crença pessoal sobre o mundo corporativo: os Incentivos de Longo Prazo (ILP) sempre foram subutilizados. Muitas vezes, vi o ILP ser tratado apenas como uma linha no pacote de remuneração total, um “golden handcuff” para retenção ou um simples upside financeiro.
Mas minha visão sempre foi mais macro. Eu acreditava — e hoje, atuando lado a lado com fundadores e executivos de diversas empresas, confirmo — que o ILP é, talvez, o mecanismo de alinhamento mais puro que existe no capitalismo moderno e da nova economia. Ele não serve apenas para pagar bem; ele serve para transformar executivos em donos. Mais do que isso: ele serve para motivar e dar a clareza necessária para que a liderança execute, com precisão, a estratégia desejada pelo Conselho de Administração e pelos acionistas.
Quando desenhamos um plano eficiente, a área de Pessoas deixa de ser um centro de custo operacional e assume uma cadeira tão decisiva quanto a de um Diretor Comercial ou um CFO. Se o Comercial traz a receita e o Financeiro otimiza o capital, o RH, através de incentivos inteligentes, molda o comportamento que gera o valor futuro da companhia. Incentivo é estratégia. E agora, com a recente decisão do STF, essa estratégia ganhou uma vantagem competitiva inédita no Brasil.
Nas últimas semanas, o mercado brasileiro de remuneração e governança respirou aliviado. Ao julgar o ARE 1.436.593, o Supremo Tribunal Federal (STF) reforçou o entendimento do STJ (Tema 1.226) e firmou a posição de que as Stock Options (Opções de Compra de Ações) possuem natureza mercantil, e não salarial, desde que respeitados certos critérios.
Para CEOs, CFOs e CHROs, isso não é apenas um detalhe jurídico; é uma mudança transformadora na eficiência do capital e na atração de talentos.
Na prática, isso fortalece decisivamente a tese de que não incidem encargos trabalhistas e previdenciários (como INSS e FGTS) sobre a outorga ou o exercício das opções. O executivo não paga Imposto de Renda no momento em que compra a ação (exercício), apenas quando ele a vende e realiza o lucro (ganho de capital).
Essa decisão destrava valor imediato em três frentes principais:
Apesar da euforia, é preciso cautela. A decisão do STF não é um “cheque em branco”. Para que o plano seja considerado mercantil (e usufrua dessa eficiência tributária), ele precisa ser tecnicamente defensável e rigorosamente documentado. É aqui que a “arte” da modelagem de programas de remuneração encontra a ciência jurídica. Confesso que essa é uma das partes que mais me fascinam, e onde nós, na Comp, mais conseguimos ajudar as empresas a encontrar o caminho consistente e robusto.
Para garantir a tese, sua empresa precisa respeitar a tríade da natureza mercantil:
E para além da blindagem técnica, uma das perguntas que mais ouvimos dos executivos e fundadores é: ‘Quanto devo ofertar?’ ou ‘Quanto vale minha Stock Option hoje?’. Nossa resposta é clara: esqueça o valor de face e foque no potencial de valorização.
Stock Options não têm a função de complementar a renda mensal ou gerar liquidez imediata; elas são a venda de uma promessa futura, elas complementam o pacote de longo prazo e retêm pessoas chave. Por isso, na Comp, levamos a sério a construção de uma narrativa financeira consistente com um valuation bem desenhado. Não se trata apenas de ‘vender um sonho’, mas de estruturar metodologicamente o potencial de upside para que ele se torne o pilar central da Proposta de Valor ao Empregado (EVP). O valor está além do que a empresa é hoje, mas na tese de crescimento que o executivo ajudará a construir.
Voltando à minha tese inicial: o RH é estratégia. Neste novo cenário, mais do que nunca, o CHRO tem a oportunidade de chegar ao CEO com uma proposta que vai além da “pesquisa salarial”.
A conversa agora é sobre arquitetura de valor. É sobre o longo prazo da companhia. É sobre dizer: “Podemos atrair a elite do mercado convidando-os a serem sócios da nossa ambição. Ao oferecer um veículo de construção de patrimônio real, transformamos a mentalidade de empregado para a de dono”. O foco deixa de ser apenas a remuneração mensal e passa a ser a multiplicação do valor da companhia, garantindo que o executivo trabalhe com a mesma visão de longo prazo que o CEO e o Conselho possuem.
Na Comp, vemos isso acontecer diariamente. O ILP deixou de ser um “bônus” e virou o motor da governança corporativa. A decisão do STF apenas confirmou o que já sabíamos: quando todos ganham com a valorização da empresa, o crescimento deixa de ser uma meta e passa a ser uma consequência inevitável.
A pergunta que fica para o seu Board é: o seu plano de incentivos está desenhado para aproveitar essa nova era ou ainda carrega as fragilidades jurídicas do passado?
